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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Chão de Giz

Chão de Giz
Zé Ramalho
1973

"Essa música foi feita para o amor que senti por uma mulher casada. Eu era garotão, ela era uma mulher de um industrial e muito rica. Ela me dava uns flertes, e isso me inspirou essa música. Eu tinha mais ou menos vinte anos. Inocente, burro e besta como dizia Raul Seixas."

"Chão de Giz" é uma famosa canção do cantor brasileiro Zé Ramalho, composta em 1973 e gravada em 1978 em seu álbum de estreia solo "Zé Ramalho".

Segundo dados divulgados pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD), que abrangeu o período de 2010 a 2014, essa foi a música mais tocada do artista neste período, e a 4ª entre as obras mais regravadas. Além disso, ela aparece na 10ª posição entre as "músicas mais tocadas ao vivo" no ano de 2014, segundo dados do mesmo órgão.

E você já parou alguma vez na vida para tentar entender esta música tão complexa? Zé Ramalho consegue ser um dos poucos cantores que compõe músicas com alto repertório (de difícil entendimento) e mesmo assim agrada o gosto popular. Consegue transmitir sentimentos.

A explicação dada, em tese, pelo próprio compositor Zé Ramalho sobre "Chão de Giz" é que, ainda jovem, ele teve um caso duradouro com uma mulher bem mais velha, casada com uma pessoa bem influente da sociedade de João Pessoa, na Paraíba, onde morava. Ambos se conheceram no carnaval. Zé Ramalho ficou perdidamente apaixonado por esta mulher, que jamais abandonaria um casamento para ficar com um "garoto pé-rapado". Ela apenas "usava-o". Assim, o caso que tomava proporções enormes foi terminado. Zé Ramalho ficou arrasado por meses, mudou de casa, pois morava perto da mulher e, nesse meio tempo, compôs "Chão de Giz".


Sabendo deste pequeno resumo da história, fica mais fácil interpretar cada verso da canção:

"Eu desço desta solidão e espalho coisas sobre um chão de giz"
Um dos hábitos de Zé Ramalho, no sofrimento, era espalhar pelo chão todas as coisas que lembravam o caso dos dois. O chão de giz indica como o relacionamento era fugaz.

"Há meros devaneios tolos, a me torturar"
Devaneios e lembranças da mulher que não o amou. O tinha como amante, apenas para realizar suas fantasias. Quando e como queria.
"Fotografias recortadas de jornais de folhas amiúdes"
Outro hábito de Zé Ramalho era recortar e admirar todas as fotos dela que saiam nos jornais - lembrem-se, ela era da alta sociedade, sempre estava nas colunas sociais.
"Eu vou te jogar num pano de guardar confetes"
Pano de guardar confetes são balaios ou sacos típicos das costureiras do Nordeste, nos quais elas jogam restos de pano, papel, etc. Aqui, Zé Ramalho diz que vai jogar as fotos dela nesse tipo de saco e, assim, esquecê-la de vez.
"Disparo balas de canhão, é inútil, pois existe um grão-vizir"
Ele tenta ficar com ela de todas as formas, mas é inútil, pois ela é casada com um homem muito rico.
"Há tantas violetas velhas sem um colibri"
Aqui ele utiliza de uma metáfora. Há tantas violetas velhas (como ela, bela, mas velha) sem um colibri (um jovem que a admire). Dessa forma ele tenta novamente convencê-la apelando para a sorte - mesmo sendo velha (violeta velha), ela pode, se quiser, ter um colibri (jovem).
"Queria usar, quem sabe, uma camisa de força ou de vênus"
Este verso mostra a dualidade do sentimento de Zé Ramalho. Ao mesmo tempo que quer usar uma camisa de força para se afastar dela, ele também quer usar uma camisa de vênus para fazer amor com ela.
"Mas não vou gozar de nós apenas um cigarro"
Novamente ele invoca a fugacidade do amor dela por ele, que o queria apenas para "gozar o tempo de um cigarro". Percebe-se o tempo todo que ele sente por ela um profundo amor e tesão, enquanto é correspondido apenas com o tesão, com o gozo que dura o tempo de se fumar um cigarro.
"Nem vou lhe beijar, gastando assim o meu batom"
Para quê beijá-la, se ela quer apenas o sexo?
"Agora pego um caminhão, na lona vou a nocaute outra vez…"
Novamente ele resolve ir embora, após constatar que é impossível tentar algo sério com ela. Entretanto, apaixonado como está, vai novamente à lona - expressão que significa ir a nocaute no boxe, mas também significa a lona do caminhão, com o qual ele foi embora - ele teve que sair de casa para se livrar desse amor doentio.
"Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar"
Amor inesquecível, que acorrenta. Ela pisava nele e ele cada vez mais apaixonado. Tinha esperanças de um dia ser correspondido.
"Meus vinte anos de boy that’s over, baby! Freud explica"
Ele era bem mais novo que ela. Ele era um boy, ela era uma dama da sociedade. Freud explica um amor desse (Complexo de Édipo, talvez?).
"Não vou me sujar fumando apenas um cigarro"
Depois de muito sofrimento e consciente que ela nunca largaria o marido/status para ficar com ele, ele decide esquecê-la. Essa parte ele diz que não vai se sujar transando mais uma vez com ela, pois agora tem consciência de que nunca passará disso.
"Quanto ao pano dos confetes, já passou meu carnaval"
Eles se conheceram em um carnaval. Voltando a falar das fotos dela, que iria jogar em um pano de guardar confetes, ele consolida o fim, dizendo que já passou seu carnaval (fantasia), passou o momento.
"E isso explica porque o sexo é assunto popular"
Aqui ele faz um arremate do que parece ter sido apenas o que restou do amor dele por ela (ou dela por ele): Sexo. Por isso o sexo é tão popular, pois apenas ele é valorizado. Ela só queria sexo e nada mais.
"No mais, estou indo embora"
Assim encerra-se a canção. É a despedida de Zé Ramalho, mostrando que a fuga é o melhor caminho e uma decisão madura. Ele muda de cidade e nunca mais a vê. Sofreu por meses, enquanto compôs a música.


Chão de Giz

Eu desço dessa solidão
espalho coisas sobre um chão de giz.
Há meros devaneios tolos
a me torturar.
Fotografias recortadas em jornais de folhas
Amiúde!
Eu vou te jogar
num pano de guardar confetes.
Eu vou te jogar
num pano de guardar confetes.

Disparo balas de canhão
é inútil, pois existe um grão-vizir.
Há tantas violetas velhas
sem um colibri.
Queria usar, quem sabe
uma camisa de força ou de vênus.
Mas não vou gozar de nós
apenas um cigarro.
Nem vou lhe beijar
gastando assim o meu batom.

Agora pego um caminhão na lona
vou a nocaute outra vez.
Pra sempre fui acorrentado
no seu calcanhar.
Meus vinte anos de boy
that's over, baby!
Freud explica.

Não vou me sujar
fumando apenas um cigarro.
Nem vou lhe beijar
gastando assim o meu batom.
Quanto ao pano dos confetes
já passou meu carnaval.
E isso explica porque o sexo
é assunto popular.

No mais estou indo embora!
No mais estou indo embora!
No mais estou indo embora!
No mais!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Avôhai

Avôhai
Zé Ramalho
1975

A música "Avôhai" surgiu para Zé Ramalho durante uma experiência alucinógena.

Há livros muito bons e, ao mesmo tempo, estranhos. É o caso de "Zé Ramalho - O Poeta dos Abismos", de Henri Koliver. À primeira vista, trata-se de uma biografia. Depois, percebe-se que é um longo depoimento do cantor e compositor.  Adiante, Henri Koliver retoma o livro e comenta a música do artista paraibano. Ainda que falte algum ajuste editorial, a obra é absolutamente necessária para compreender tanto a música quanto a vida do criador de "Avôhai".

A música de Zé Ramalho pode ser compreendida por qualquer pessoa, mas, como é recheada de "mensagens" - de um misticismo sincrético, por assim dizer - e de histórias pessoais que não podem ser explicadas inteiramente numa música, ou em algumas músicas, o livro é esclarecedor. Aqueles que querem compreender o músico, de maneira mais ampla, devem consultar o livro. Agora, se esperam um trabalho crítico, devem escarafunchar noutro lugar. É uma obra a favor, com a própria voz do músico.

"Avôhai" é, sem dúvida, a música mais expressiva de Zé Ramalho, a que mais o identifica, embora musicalmente talvez não seja a mais rica. O título significa, obviamente, avô e pai, e, conhecendo a história, sabe-se que não poderia ser "Haiavô" ou "Paiavô" (o avô é mais decisivo do que o pai).

"A revelação de 'Avôhai' aconteceu durante uma experiência com cogumelos alucinógenos", relata o compositor. Durante a beberagem, ele diz que escutava uma voz dizendo "Avôhai, Avôhai". A droga, de algum modo, funcionou como uma sessão de terapia, na qual, por meio de associações livres, o sujeito vai se descobrindo, se revelando para si mesmo.

Passados alguns dias do uso dos cogumelos, Zé Ramalho escreveu a letra.


"Ela chegou de uma vez. (...) Peguei papel e caneta e fiz a letra muito rápido, tudo chegava em um turbilhão. Foi a única vez que isso aconteceu, uma forte e intensa experiência espiritual. Muito estranho... totalmente mediúnica. Como o velho Billy (William Shakespeare) dizia, 'há muito mais coisas entre o céu e a terra do que podemos imaginar'. Havia muita coisa de Dylan pairando em minha cabeça. Eu ouvi como se fosse a voz dele. Quando fiz a letra, já sabia dos movimentos musicais; quando estava escrevendo, já sabia das passagens todas. A letra chegou junto com a melodia, e descreve minha experiência!"

A experiência, no caso, é a própria vida de Zé Ramalho.

"'O brejo cruza a poeira' é minha origem, o lugar onde nasci, de onde vim. A cidade de Brejo da Cruz situa-se no sopé da chamada 'Pedra de Turmalina'. (...) 'O brejo cruza a poeira' é uma referência ao êxodo realizado quando abandonamos a cidade e nos dirigimos a Campina Grande. (...). Essa poeira que cruzamos representa a saída, a passagem de uma condição para outra, a partida definitiva do Brejo. Eu tinha uns 5 anos de idade. Tudo ficou para trás: as brincadeiras com os meninos, como bonecos de barro - cavalinhos e boizinhos  -, correr atrás de bode no meio da rua. (...) O terreiro da usina é uma referência a um local existente na cidade, onde eu brincava em minha infância."

A música inclui "várias formas de cantoria", diz Zé Ramalho, como "martelo agalopado, embolada. 'Na altura em que mandar' é uma expressão utilizada pelos emboladores de coco - aqueles que tocam com pandeiro. O 'pra doutor não reclamar' é uma outra tirada de embolada, que os caras usam para sair dos desafios. 'Avôhai' é quase um martelo agalopado, mas comporta muitas formas de cantoria diferentes. Tem muita informação dentro da música: visual, modalidades poéticas. 'Avôhai' é uma música que atrai a atenção das pessoas, pela forma como descreve as situações e as imagens que sugere. Ao mesmo tempo em que ela descreve certos acontecimentos, convida as pessoas a participarem dessa viagem, em razão do clima místico no qual ela se encontra impregnada: a figura do velho, que carrega tantos símbolos e significados. 'Avôhai' é uma espécie de elo perdido, aglutinando tudo, de trás para a frente e da frente para trás".

Se é uma espécie de biografia de Zé Ramalho, um relato imaginativo de sua infância, é também, na visão do artista, um relato "das origens da humanidade".


O que o indivíduo não pode ou não quer revelar, escondendo partes incômodas da vida íntima, o músico desvela por meio de sua arte. Zé Ramalho conta que prefere não saber muito sobre a razão de a mãe ter permitido que fosse criado pelos avós. Em "Avôhai" a figura central é o avô de Zé Ramalho, José Alves Ramalho. "Avôhai é a figura do avô. Fui criado por ele, depois da morte de meu pai (afogou-se quando Zé Ramalho tinha 2 anos). Ele fez a figura do avô e do pai!".

"'Avôhai' é a junção da trindade avô, pai e filho. É também a Santíssima Trindade, e a continuidade da espécie. Mas foi tudo inspirado pela figura de meu avô, que me ensinou a amar a natureza, a não maltratar os animais, a levar uma vida reta". O músico era católico devoto, como os avós. Liam a Bíblia frequentemente. "Ela passava de mão em mão e cada um lia um trecho!".

José Alves Ramalho, que viveu 83 anos, era "tudo" para Zé Ramalho. "Eu o via, às vezes, como um leão, parado, olhando as crias. (...) Meu avô era aquele cara que arranjava tudo, resolvia tudo!". O Avôhai, homem preocupado com formação e a informação, queria que o neto soubesse das coisas. Tanto que Zé Ramalho prestou vestibular e entrou para a faculdade de Medicina.

"Avôhai", além de discutir a continuidade da espécie, representa, para o místico Zé Ramalho, o começo da carreira. "Tudo começa com essa música. 'Cruzando a soleira...', o cara está chegando. Ela abriu meu primeiro disco e uma porta; comecei a montar uma história incrível com essa música", anota o artista.

Zé Ramalho diz que "a companheira que nunca dormia só" é a solidão.

"A porteira da letra é uma referência à Porteira do Tendó, uma enorme gruta onde meu avô me levava no horário do pôr do sol, e de onde saíam milhares de morcegos em busca de alimento, fazendo um barulho impressionante. Aquilo me fascinava e me assombrava ao mesmo tempo!"

Salman Rushdie conta em "Joseph Anton", suas memórias do período em que esteve escondido para não ser assassinado por iranianos, que só se tornou um grande escritor, com romances consistentes, depois que decidiu falar do que sabia - sua vida e a vida dos indianos. Zé Ramalho fez o mesmo percurso:

"Só depois de ter absorvido muita coisa pop é que descobri e compreendi o quanto os valores da minha terra eram importantes. Era isto que faltava em meu trabalho: o universo de minha terra, a coisa milenar, ligada às raízes, esse mergulho. Foi quando eu entrei na cultura de cordel, dos violeiros. 'Avôhai' reúne todas as informações do universo dos violeiros e repentistas, da literatura de cordel e entra como balada, como Dylan, como Pink Floyd!"

Na família de Zé Ramalho, os homens morrem (ou morriam) cedo. Ele acha que escapou da "maldição", pois tem 64 anos.



Avôhai

Um velho cruza a soleira
de botas longas, de barbas longas
de ouro o brilho do seu colar.
Na laje fria onde quarava
sua camisa e seu alforje
de caçador...

Oh! Meu velho e Invisível
Avôhai!
Oh! Meu velho e Indivisível
Avôhai!

Neblina turva e brilhante
em meu cérebro coágulos de sol.
Amanita matutina
e que transparente cortina
ao meu redor...

E se eu disser
que é meio sabido
você diz que é meio pior.
Mas e pior do que planeta
quando perde o girassol...

É o terço de brilhante
nos dedos de minha avó.
E nunca mais eu tive medo
da porteira
nem também da companheira
que nunca dormia só...

Avôhai!
Avôhai!
Avôhai!
O brejo cruza a poeira
de fato existe
um tom mais leve
na palidez desse pessoal.
Pares de olhos tão profundos
que amargam as pessoas
que fitar...

Mas que bebem sua vida
sua alma na altura que mandar.
São os olhos, são as asas
cabelos de Avôhai...

Na pedra de turmalina
e no terreiro da usina
eu me criei.
Voava de madrugada
e na cratera condenada
eu me calei.
E se eu calei foi de tristeza
você cala por calar.
Mas e calado vai ficando
só fala quando eu mandar...

Rebuscando a consciência
com medo de viajar.
Até o meio da cabeça do cometa
girando na carrapeta
no jogo de improvisar.
Entrecortando
eu sigo dentro a linha reta
eu tenho a palavra certa
prá doutor não reclamar...

Avôhai! Avôhai!
Avôhai! Avôhai!


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Admirável Gado Novo

Admirável Gado Novo
Zé Ramalho
1980

"Admirável Gado Novo" foi escrita na terceira pessoa, ou seja, é um narrador onisciente e objetivo quanto aos fatos relatados. Não é influenciado pelas próprias emoções, até porque ele mesmo não faz parte da narração.

O título da música é notadamente uma referência ao livro "Admirável Mundo Novo" do escritor Audous Huxley. Neste best-seller o escritor defende a ideia de que a sociedade do futuro suprimirá valores como o família, religião, privacidade, dúvida, amor, insatisfação, e todos os momentos da vida de seus cidadãos serão expressamente controlados pelo Estado, como cultura, entretenimento, trabalho, relações sociais. Quando alguns desses valores passam a não fazer mais sentido para alguém, então é a hora desse alguém tomar a "soma" - um comprimido que anestesia e elimina qualquer sintoma de insatisfação - basicamente um droga.

Fazendo um paralelo entre o livro e a música vemos alguns elementos em comum. Ambos possuem sociedades estruturadas em uma ordem rígida e de certa maneira opressora. Enquanto uma suprime valores como privacidade a outra trata seus cidadãos com "vida de gado".

Podemos notar também a intenção e compromisso de ambos os Estados em manter a ordem instaurada. O do livro se utiliza de uma droga, a "soma", enquanto o outro de promessas que nunca são cumpridas - "Vocês que fazem parte dessa massa que passa nos projetos do futuro".

Entenda "projetos do futuro" como uma promessa de que "dias melhores virão". Se hoje você esta insatisfeito e infeliz com a vida e com o sistema, deve manter a calma, pois o sistema está trabalhando para no futuro inverter este quandro e tornar a sua vida melhor. Tenha paciência. Nessa história a opressão do sistema se mantem irretocável.



Admirável Gado Novo

Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber

E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer

Êh, oô, vida de gado
Povo marcado êh
Povo feliz!

Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal

E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou!

Êh, oô, vida de gado
Povo marcado êh
Povo feliz!

O povo foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos
Contemplam esta vida numa cela

Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo se acabar
A arca de Noé, o dirigível,
Não voam, nem se pode flutuar

Êh, oô, vida de gado
Povo marcado
Êh, povo feliz!


Fonte: Flor do Lácio