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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Maringá

Maringá
Joubert de Carvalho
1932

Engana-se quem acha que a canção "Maringá" foi composta em homenagem a cidade Maringá no Paraná. Basta ouvir a letra da música que logo se vê que a cidade referenciada é Pombal na Paraíba e não Maringá no Paraná.

A canção "Maringá" foi composta por Joubert de Carvalho a pedido do então Senador Ruy Carneiro que em Pombal, PB encontrou-se com Maria do Ingá, linda cabocla que vinha em retirada fugindo da seca. A mesma seca que a separou do Senador.

Sabendo da história Joubert de Carvalho compôs a música para o amigo Ruy Carneiro e tronou-se um hino da cidade de Pombal. Ela nada tem a ver com a bela Maringá no Paraná.

Quando "Maringá" foi composta, os paraibanos logo passaram a entoá-la ante o seu sucesso. Mais tarde, fugindo também da seca, paraibanos migraram para o Paraná para trabalhar numa fazenda e durante a lida cantavam a canção "Maringá". Depois essa fazenda tronou-se vila e cidade, hoje Maringá, PR. Nome dado a cidade em razão da canção que tanto era cantada naquela fazenda.

A História da Música Maringá
Texto gentilmente cedido por Teófilo Júnior

Cidade de Pombal, Paraíba, década de 20. Uma família de retirantes arruma seus poucos pertences em um pau de arara e um jovem casal se despede. Ela, bonita, deixaria a cidade junto com a miserável família para tentar uma vida melhor em São Paulo. Era a família de Maria, da cabocla Maria do Ingá.

Ele, um jovem mais triste ainda. Sem dinheiro não tinha condições de embarcar no caminhão. Todas as economias daquela família eram mínimas para a longa viagem, não haveria mais espaço para um corpo franzino e muito menos para mais uma boca.

O pau de arara parte deixando no ar o último toque de mãos entre Maria e o namorado. Ele corre atrás do caminhão, armazenando todo o fôlego possível, até desistir em meio a poeira.

Não há registros sobre o nome do caboclo que ficou. João Ninguém? Talvez.

Num bar próximo, um grupo de amigos assistia a cena. Comovidos, chegaram a recolher moedas perdidas nos bolsos, mas poucos réis não seria suficientes para cobrir os gastos da viagem ou para conformar o coração daqueles jovens separados pela miséria.

Eles conheciam Maria. Ela morava numa região conhecida como Ingá, nas margens do Rio Piranhas. Daí o seu nome: Maria do Ingá!

Moça prendada, desde os 12 anos já preparava pratos típicos. Com um sorriso encantador, era a alegria da centenária cidade paraibana até o dia do adeus parado no tempo.

A homenagem, porém, ficaria para o amigo Ruy Carneiro, ilustre filho da cidade de Pombal, também na Paraíba. Foi ele mesmo que teria contado para Joubert de Carvalho, durante conversa em um bar no centro do Rio de Janeiro, a triste história de uma cabocla chamada Maria do Ingá.

Joubert de Carvalho ficou emocionado com o relato sobre a família de retirantes e do desespero do namorado de Maria, deixado em Pombal.

Mas seria tudo aquilo verdade ou lenda? Ruy Carneiro, então, revelou: Era ele um dos rapazes que estava no bar, uma das testemunhas do adeus.

Provavelmente, foi o próprio amigo de Joubert de Carvalho quem batizou a triste moça de Maria do Ingá, também inspirado na lenda de uma cabocla conhecida com este nome, vítima da terrível seca de 1877.

Convencido, Joubert de Carvalho partiu para o escritório a fim de terminar a composição. Varou a madrugada compondo a toada. O refrão estava pronto:

"Maria do Ingá, Maria do Ingá
Depois que tu partiste
tudo aqui ficou tão triste
que eu fiquei a imaginar"

Não, não estava bom!

"Maringá, Maringá
Depois que tu partiste
tudo aqui ficou tão triste
que eu fiquei a imaginar"

Foi o último retoque, a obra-prima estava pronta!



Maringá

Foi numa leva
que a cabocla Maringá
Ficou sendo a retirante
que mais dava o que falar

E junto dela
veio alguém que suplicou
Pra que nunca se esquecesse
de um caboclo que ficou

Maringá, Maringá
Depois que tu partiste
tudo aqui ficou tão triste
que eu garrei a imaginar

Maringá, Maringá
Para haver felicidade
é preciso que a saudade
vá batê noutro lugar

Maringá, Maringá
volta aqui pro meu sertão
Pra de novo o coração
de um caboclo assossegar

Antigamente
uma alegria sem igual
dominava aquela gente
da cidade de Pombal

Mas veio a seca
e toda chuva foi-se embora
Só restando então as águas
dos meus olhos quando chora

Maringá, Maringá
Depois que tu partiste
tudo aqui ficou tão triste,
que eu garrei a imaginar

Maringá, Maringá
Para haver felicidade
é preciso que a saudade
vá bater noutro lugar

Maringá, Maringá
volta aqui pro meu sertão
Pra de novo o coração
de um caboclo assossegar


quinta-feira, 3 de julho de 2014

Tá-hi (Pra Você Gostar de Mim)

Tá-hi (Taí)
Joubert de Carvalho
1930

Pensar que o autor do primeiro grande sucesso de Carmen Miranda foi Joubert de Carvalho já parece improvável. Joubert de Carvalho não era compositor de marchinhas carnavalescas, tanto que a sua segunda música mais conhecida é "Maringá", música que, inclusive, deu origem à cidade paranaense de mesmo nome.

A composição mais conhecida de Joubert de Carvalho, no entanto, ficou conhecida não pelo seu título original "Pra Você Gostar De Mim", mas como o simples e indefectível "Tá-hi". Ainda hoje, mais de 80 anos após a primeira gravação, se alguém lançar a primeira palavra da canção, "Tá-hi", vem imediatamente "eu fiz tudo pra você gostar de mim / ai meu Deus não faz assim comigo não / você tem, você tem que me dar seu coração".

E "Tá-hi" foi feito sob encomenda para Carmen Miranda. Segundo relata Ruy Castro, na biografia que escreveu sobre a cantora (Cia das Letras, 2005), Joubert de Carvalho passava pela rua quando o Srº Abreu, gerente da loja "A Melodia", o chamara com o intuito de fazê-lo ouvir um disco que acabara de sair. A canção era "Triste Jandaia", da então desconhecida Carmen Miranda. Depois de tocar o disco várias vezes, não é que a própria Carmen Miranda aparece na loja? Quando o Srº Abreu exclama: "Taí a nova cantora!".

Apresentados, Joubert de Carvalho falou de seu interesse em compor algo para Carmen Miranda, que prontamente lhe deu seu endereço.

Joubert de Carvalho saiu da loja com uma palavra - "Taí" - e uma melodia na cabeça. Menos de 24 horas depois, com a partitura debaixo do braço, tocou a campainha de Carmen Miranda na travessa do comércio.


Nas palavras do próprio Joubert de Carvalho (Veja o vídeo no final desta postagem):

"É o seguinte... eu passava pela Rua do Ouvidor, ali tinha uma casa de música 'Melodias' e o gerente da casa chamou-me e disse:
- Joubert venha ouvir uma cantora nova aqui.
Ele botou então um disco da Carmen. Eu não sabia quem era, eu notei que havia presença no disco, e eu disse:
- Olha, Abreu eu gostaria de fazer uma música para essa cantora porque ela interpreta muito bem.
- Ué, isso é fácil!
- Onde é que ela mora?
- Ela costuma vir aqui de vez em quando, mas eu falo, ela deixa o endereço.
De repente ele (Abreu) disse assim:
- Taí, ó, ela taí chegando!
Eu não sei, aquele 'Taí' ficou na minha cabeça e no dia seguinte eu levava para ela a música..."


Relata Ruy Castro, no seu livro, que Carmen Miranda aprendeu a música prontamente, e, quando Joubert de Carvalho tentou orientar sua interpretação, ela disse, com um brilho no olhar:

"Não precisa me ensinar, não, que na hora da bossa, eu entro com a boçalidade!"

E, captando um certo choque no rosto do educado Joubert de Carvalho, logo se corrigiu:

"Desculpe, mas eu sou assim mesmo, meio desabrida!"

Tudo isso ocorreu no começo de 1930, e a música "Taí" tornou-se não apenas um grande sucesso daquele ano, mas também do carnaval seguinte. Foi a música que tornou Carmen Miranda conhecida nacionalmente. O resto é história!

Para conhecer mais sobre a vida e obra de Joubert de Carvalho e Carmen Miranda, visite o blog Famosos Que Partiram.



Tá-hi

Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim
Oh! meu bem não faz assim comigo não!
Você tem, você tem que me dar seu coração! (Bis)

Meu amor, não posso esquecer,
se dá alegria faz também sofrer.
A minha vida foi sempre assim,
só chorando as mágoas que não têm fim.

Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim
Oh! meu bem não faz assim comigo não!
Você tem, você tem que me dar seu coração! (Bis)

Essa história de gostar de alguém,
já é mania que as pessoas têm.
Se me ajudasse Nosso Senhor,
eu não pensaria mais no amor.