terça-feira, 2 de abril de 2013

Disparada

Disparada
Geraldo Vandré e Théo de Barros
1966

"Disparada" é uma canção escrita por Geraldo Vandré e Théo de Barros e interpretada por Jair Rodrigues, acompanhado do Trio Maraiá e do Trio Novo. Uma das principais composições da época dos festivais de música popular brasileira, foi a vencedora do Festival Internacional da Canção em 1966, dividindo o primeiro lugar com "A Banda" de Chico Buarque de Holanda, quando houve verdadeira disputa com apostas em todo o país entre os adeptos de uma e outra composição.

O compositor Geraldo Vandré, nascido na Paraíba mas educado no Rio de Janeiro, vivenciou todo o período do golpe militar de 1964 ainda muito moço e ligado aos meios estudantis do Rio de Janeiro. Era época de nacionalismo exacerbado quando os jovens com um pouco de cultura e sensibilidade não se conformavam com as injustiças sociais imperantes no Brasil. Os meios musicais e literários, lideranças intelectuais do país, não estavam imunes aos movimentos sociais visando melhorias para as camadas mais pobres da população.

Geraldo Vandré participante dos movimentos estudantis também deu sua contribuição com composições muito significativas como "Disparada" e "Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores", consideradas duas obras primas entre as músicas de cunho social.

Em "Disparada"Geraldo Vandré faz uma maravilhosa comparação entre a exploração das classes sociais pobres pelas mais ricas e a exploração das boiadas pelos boiadeiros, entre a maneira de se lidar com gado e se lidar com gente. A música composta por Geraldo Vandré e Théo de Barros complementou de forma perfeita os versos de Geraldo Vandré, e a interpretação de Jair Rodrigues deu forma final muito bonita aos versos e à música.

Logo após os anos de ouro dos festivais Geraldo Vandré isolou-se dos amigos passando a viver espartana e isoladamente. Théo de Barros continuou sua brilhante carreira de músico e arranjador, tendo se dedicado principalmente a jingles comerciais.



Disparada

Prepare o seu coração
Prás coisas que eu vou contar
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar

Aprendi a dizer não
Ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo
A morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar
Eu vivo prá consertar

Na boiada já fui boi
Mas um dia me montei.
Não por um motivo meu
Ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse
Porém por necessidade
Do dono de uma boiada
Cujo vaqueiro morreu

Boiadeiro muito tempo
Laço firme e braço forte
Muito gado, muita gente
Pela vida segurei
Seguia como num sonho
E boiadeiro era um rei

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E nos sonhos
Que fui sonhando
As visões se clareando
As visões se clareando
Até que um dia acordei

Então não pude seguir
Valente em lugar tenente
E dono de gado e gente
Porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata
Mas com gente é diferente

Se você não concordar
Não posso me desculpar
Não canto prá enganar
Vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado
Vou cantar noutro lugar

Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe
Do que eu

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei


Fonte: Wikipédia

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