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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Você Não Me Ensinou A Te Esquecer

Você Não Me Ensinou a Te Esquecer
Fernando Mendes, José Wilson e Lucas
1979

Caetano Veloso abre a porta e toma um susto: Ouve uma de suas canções mais íntimas, "Mãe" - que de tão íntima ele nem teve a certeza de que deveria gravar - cantada de forma sentida e respeitosa por Fernando Mendes, compositor de clássicos bregas como "Cadeira de Rodas".

O motivo do encontro, testemunhado pelo Globo, era justamente o oposto: Surpreender Fernando Mendes ao mostrar, em primeira mão, a gravação que Caetano Veloso fez de "Você Não Me Ensinou a Te Esquecer", um dos maiores sucessos de Fernando Mendes do fim dos anos 70, redescoberto como tema de amor do filme "Lisbela e o Prisioneiro", de Guel Arraes.

Fernando Mendes compôs e gravou "Você Não Me Ensinou a Te Esquecer" em 1979, na época em que seguia os passos românticos do cantor Roberto Carlos. É uma sofrida canção de amor, simples e direta como os muitos sucessos populares que o cabeludo e cacheado, até hoje fiel ao corte, compositor teve ao longo de três décadas de carreira. Uma canção que se convencionou chamar de brega.

"Brega é o nome que o invejoso dá ao vitorioso!" replica Fernando Mendes, que diz não se incomodar com a definição. Caetano Veloso, para quem superar tal preconceito com a música popular sempre foi uma bandeira, quase uma razão de ser de sua carreira, incomoda-se, sim.

"É uma boa definição essa do Fernando" provoca Caetano Veloso. Há no Brasil muitos preconceitos, por exemplo contra as canções de harmonia simples. O rock quando surge parece algo regressivo. Então não se percebe como ele trouxe sofisticação formal em termos de contraponto, de timbres, de força de atitude.

Para Caetano Veloso, o mesmo raciocínio em relação ao rock pode ser aplicado no que se chama de brega. Ou seja, há uma simplificação do pensamento sobre música no Brasil.

"Muita gente me acusa de falta de critérios quando defendo esse ou aquele tipo de música, de defender o vale-tudo. Mas o que eu busco é complexificar os critérios críticos. Era essa complexidade que eu buscava em todas as vezes que provoquei o bom gosto dominantes de Vicente Celestino ao 'Tapinha'"

Para Caetano Veloso, antes de expressar tal opinião gravando os rejeitados pelos bem-pensantes da MPB, ele a incorporou em sua própria obra. "É uma postura que já estava nas minhas composições em 1966, em 'Baby', 'Divino', 'Maravilhoso', 'Superbacana', e depois 'Tá Combinado', 'A Luz de Tieta'. Não aceito, nem nunca aceitei essa divisão que impõem à música brasileira entre a canção popular e a música de boa qualidade da MPB.

Uma Breve Análise da Letra

O eu-lírico expressa uma saudade imensa da pessoa amada. Há passagens que mostram um erro cometido pelo autor, a vontade de consertá-lo e o pedido de uma chance. No refrão, o eu-lírico demonstra desespero de encontrar a pessoa amada, o abandono por ela e falta de uma direção na vida. Em suma, há um saudade da pessoa amada, um desespero por não encontrá-la e uma dúvida do que fazer agora que o autor está sozinho, abandonado.
(Maria Eugênia)



Você Não Me Ensinou A Te Esquecer

Não vejo mais você faz tanto tempo,
que vontade que eu sinto.
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços,
é verdade, eu não minto.

E nesse desespero em que eu me vejo,
já cheguei a tal ponto.
De me trocar diversas vezes por você,
só pra ver se te encontro.

Você bem que podia perdoar,
e só mais uma vez me aceitar.
Prometo agora vou fazer por onde
nunca mais perdê-la 

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer.
Você só me ensinou a te querer,
e te querendo eu vou tentando te encontrar.
Vou me perdendo,
buscando em outros braços seus abraços.
Perdido no vazio de outros passos,
do abismo em que você se retirou,
e me atirou e me deixou aqui sozinho.

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer.
Você só me ensinou a te querer,
e te querendo eu vou tentando te encontrar.

E nesse desespero em que eu me vejo,
já cheguei a tal ponto.
De me trocar diversas vezes por você,
só pra ver se te encontro.

Você bem que podia perdoar,
e só mais uma vez me aceitar.
Prometo agora vou fazer por onde
nunca mais perdê-la.

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer.
Você só me ensinou a te querer,
e te querendo eu vou tentando te encontrar.
Vou me perdendo,
buscando em outros braços seus abraços.
Perdido no vazio de outros passos,
do abismo em que você se retirou,
e me atirou e me deixou aqui sozinho.

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer.
Você só me ensinou a te querer,
e te querendo eu vou tentando te encontrar.