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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O Pequeno Burguês

O Pequeno Burguês
Martinho da Vila
1969

Em meados dos anos 60, o então sargento Martinho viu um colega de farda se formar em Direito. Sargentos advogados, naquele tempo, não era coisa comum, e os colegas de patente, orgulhosos do feito do companheiro, combinaram ir à formatura fardados para prestar homenagem ao sargento e advogado Xavier.

Ocorre que o formando resolveu tirar férias e não convidou nenhum dos amigos de trabalho para a formatura. Indignados com a desfeita, todos os sargentos, inclusive Martinho, resolveram dar um "gelo" no colega a quem tacharam de Novo Burguês. Ninguém falava com o coitado que, inocentemente,  não entendia o que estava acontecendo.

Certo dia, o rejeitado sargento Xavier encontrou-se com Martinho da Vila em um bar e resolveu passar o assunto a limpo. Depois de muita insistência, Martinho da Vila resolveu contar o motivo do desprezo.

Aliviado, o novo advogado esclareceu a situação: Na verdade, nem mesmo ele havia ido ao baile de formatura. Salário de sargento era baixo e não dava para comprar paletó, beca, anel e outras exigências formais para participar do evento. Informou, ainda, que recebera o "canudo", posteriormente, diretamente do diretor da faculdade.

Embora ganhasse a vida como sargento, Martinho da Vila já era um bom compositor na época e a história foi um grande argumento para compor "O Pequeno Burguês", um dos maiores sucessos do grande sambista de Vila Isabel e, até hoje, considerada um verdadeiro hino dos vestibulandos vitoriosos.

A história foi contada pelo próprio Martinho a Vila, no "Programa Sarau", apresentado pelo jornalista Chico Pinheiro.



O Pequeno Burguês

Felicidade!
Passei no vestibular
Mas a faculdade
é particular.
Particular!
Ela é particular!
Particular!
Ela é particular!

Livros tão caros,
tanta taxa pra pagar.
Meu dinheiro muito raro,
alguém teve que emprestar.

O meu dinheiro,
alguém teve que emprestar.
O meu dinheiro,
alguém teve que emprestar.

Morei no subúrbio,
andei de trem atrasado.
Do trabalho ia pra aula,
sem jantar e bem cansado.
Mas lá em casa a meia-noite,
tinha sempre a me esperar:
Um punhado de problemas
e criança pra criar.

Para criar!
Só criança pra criar.
Para criar!
Só criança pra criar.

Mas felizmente
eu consegui me formar.
Mas da minha formatura
não cheguei participar.
Faltou dinheiro pra beca
e também pro meu anel.
Nem o diretor careca
entregou o meu papel.

O meu papel!
Meu canudo de papel.
O meu papel!
Meu canudo de papel.

E depois de tantos anos,
só decepções, desenganos.
Dizem que sou um burguês
muito privilegiado.
Mas burgueses são vocês,
Eu não passo de um pobre coitado.
E quem quiser ser como eu,
vai ter é que penar um bocado.

Um bom bocado!
Vai penar um bom bocado.
Um bom bocado!
Vai penar um bom bocado.
Um bom bocado!
Vai penar um bom bocado.


Fonte: Dr. Zem

sábado, 12 de julho de 2014

Sentado à Beira do Caminho

Sentado à Beira do Caminho
Roberto Carlos e Erasmo Carlos
1969

"Sentado à Beira do Caminho" é uma canção composta,  letra e música, por Roberto Carlos e Erasmo Carlos e lançada no formato compacto simples em maio de 1969 por Erasmo Carlos. É considerada um marco na vida do compositor Erasmo Carlos e ele chegou a declarar no programa "Sarau", apresentado pelo jornalista Chico Pinheiro, tratar-se da música mais importante da sua vida.

Inspirada em uma canção sucesso no ano de 1968, "Honey (I Miss You)" de Bobby Russell, interpretada por Bobby Goldsboro.

"Sentado à Beira do Caminho" é uma canção romântica descrevendo o desespero e a desesperança de um apaixonado que se encontra na "beira de uma estrada" aguardando por sua amada. Nesta situação, a letra descreve o que se passa na estrada - movimento, chuva, sol, trânsito - enquanto o personagem espera por sua grande paixão.

O refrão "Preciso acabar logo com isto, preciso lembrar que eu existo", segundo uma entrevista de Erasmo Carlos, foi criação de Roberto Carlos, após uma madrugada inteira atrás das "palavras certas", e que surgiu após um breve cochilo.

O arranjo da primeira versão da música é valorizada pelo teclado Hammond B-3 de Lafayette Coelho Varges Limp, bastante original e criativo e também pelo guitarra base de Aristeu Alves dos Reis.


A canção, para Erasmo Carlos, veio no momento certo, em um período de indefinição da sua carreira profissional, que começava a passar por dificuldades devido ao fim do sucesso do movimento da "Jovem Guarda". Para Nelson Mota, em seu livro "Noites Tropicais", a música "Quero Que Vá Tudo Pro Inferno" simbolizou para o início da jovem guarda o que "Sentado à Beira do Caminho" representou para o ocaso dos belos momentos do movimento, também chamado de Iê-Iê-Iê, uma febre entre os jovens em meados da década de 1960.

O tema da balada foi uma ideia de Roberto Carlos, parceiro na música, que percebendo o desgaste da fórmula juvenil da Jovem Guarda, já havia abandonado o programa homônimo em que se apresentava, partindo para uma fase mais madura, rumo ao título de maior ídolo da música brasileira. Erasmo Carlos e Wanderléia permaneceriam por pouco tempo no comando do programa que, àquela altura, era mais um entre tantos outros e se arrastava em um verdadeiro clima de melancolia.

Para alegria de Erasmo Carlos o sucesso da música foi imediato e mereceu destaque em um capítulo completo da novela "Beto Rockfeller" (1968-1969), um grande sucesso da TV Tupi, onde o ator Luís Gustavo, o protagonista principal, andava pelas ruas ao som do hit, naquilo que Nelson Mota chamaria capítulo-clip, marcando uma reviravolta na carreira do cantor. A novela chegou a executá-la na íntegra em um capítulo, enquanto o personagem principal caminhava pelas ruas de São Paulo.

O sucesso inquestionável da música esta refletido nas dezenas de regravações, nos mais diferentes estilos, com direito a versões em espanhol e italiano.

Na época, a gravação de Erasmo Carlos foi um estrondoso sucesso, tornando a colocar o cantor nas paradas de sucessos nacionais. As rádios não paravam de tocar a canção em todo o Brasil.


Versões

Em 1980, Erasmo Carlos regravou esta canção, com participação de Roberto Carlos, e outras versões em castelhano foram gravadas pela dupla.

Uma versão em italiano foi gravada por Ornella Vanoni. A regravação, chamada de "L'Appuntamento", foi um dos sucessos da cantora em 1970. Esta versão fez parte da trilha sonora do filme "Doze Homens e Outro Segredo", de 2004.

Em 2006, Andrea Bocelli e Roberto Carlos regravaram a versão em italiano. Outra versão em italiano foi gravada em 2012 por Raul Malo, no álbum ao vivo "Around The World".

Em 2012 a banda Fresno gravou como parte do projeto "Muda Rock".



Sentado á Beira do Caminho

Eu não posso mais ficar aqui a esperar
Que um dia, de repente, você volte para mim
Vejo caminhões e carros apressados a passar por mim
Estou sentado à beira de um caminho que não tem mais fim
Meu olhar se perde na poeira dessa estrada triste
Onde a tristeza e a saudade de você ainda existe
Esse sol que queima no meu rosto um resto de esperança
De ao menos ver de perto o seu olhar que eu trago na lembrança

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo

Vem a chuva, molha o meu rosto e então eu choro tanto
Minhas lágrimas e os pingos dessa chuva
Se confundem com o meu pranto
Olho pra mim mesmo me procuro e não encontro nada
Sou um pobre resto de esperança à beira de uma estrada

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo

Carros, caminhões, poeira, estrada, tudo, tudo
Se confunde em minha mente
Minha sombra me acompanha e vê que eu
estou morrendo lentamente
Só você não vê que eu não posso mais ficar aqui sozinho
Esperando a vida inteira por você
sentado à beira do caminho

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo